sexta-feira, novembro 11, 2011

ROSA DE ATACAMA

Ser pai, é profissão a tempo inteiro, 24 horas por dia, durante toda a vida. E não é remunerada.
Uma tarefa ciclópica quando se pensa nisso. Tratar da saúde dos filhos, e fundamentalmente ensinar-lhes tudo, literalmente tudo, esperando que oiçam, aprendam e gostem.
Todos os momentos são bons para isso. Se está a comer uma maçã, porque não falar da gravidade e de Newton. Se não que tomar banho, dizer-lhes que o banho foi óptimo para Arquimedes. Se acharem que a luz é rápida, dizer-lhe que Einstein também achava isso e que a célebre fórmula das t-shirts, não é nada ligado ao esoterismo.
Se estivermos a ouvir música, ensinar-lhes a gostar de Chopin, ou de Sérgio Godinho, ou de Chico Buarque.
Ensinar-lhes que a leitura compulsiva do pai, é uma forma de atingir o mundo e o conhecimento.
Tudo isto, misturado com grandes doses de ternura e dizendo pelo meio que a melhor coisa do mundo é ser solidário. E na oportunidade falar-lhes do Che.
E ainda assim fica tanto por ensinar. A esperança é que as armas que lhes fornecemos, os ajudem a descobrir novos caminhos, que possam por sua vez transmitir aos filhos.
É, ser pai é uma tarefa ciclópica, mas é bom vê-los crescer sadios e de cabeça limpa.

5 comentários:

...AMANHECER disse...

Parabéns PAI!!!

GED disse...

Obrigado Amanhecer.
beijo

Luna disse...

Parabéns PAI!!!!
Adorei, porque está escrito como uma receita, muito fácil de fazer, como misturar os ingredientes, deixar marinar um pouco e esperar… Fiquei com a certeza que as “armas” que lhes forneceu, os ajudaram a descobrir novos caminhos……

GED disse...

É mais ou menos isso.
E muita esperança que dê certo. Daquelas receitas que a gente espera que saiam bem.
Beijo

SF disse...

Ser pai ou mãe (que agora já posso falar, embora mãe seja diferente de pai!) é tudo isso. Não seria quem sou hoje se não tivesse sido inundada de ciência e cultura e ternura, muita, pelo meio. Mas faltou-te dizer que, cada vez que a lua estava a brilhar altiva no céu, íamos para a varanda, à falta de um quintal, e que não só me apaixonei pela lua, como entendi a sua altivez. Ou Cassiopeia, Orion, ou Io de Jupiter! Ou ainda que aprendi inglês a cantar os Beatles contigo, de letra na mão.(há quanto tempo não cantas?) Ou que ando meio doida com este mundo, porque o Sérgio Godinho e o Chico (e Vinicius e Silvio Rodriguez e Drummond, e outros) entraram pela minha cabeça dentro e eu acho que só eles estão certos? (também tu andas doido com este mundo, quanto é que te apetece revoltar?).
E que ler não é só cultura, é um modo de estar na vida.
E ser pai é também aprender, faltou-te isto. Adoro chegar a casa e dizer-te coisas que não sabes. Fico lixada se não vais investigar, ouviste?(não sabias, mas ficas a saber).
É também partilhar emoções. (desenhos, músicas, poemas...). A felicidade de ver a minha filha crescer bem também é tua. É que ser avô tem um bocadinho de pai, apesar de dizeres à pequena pestinha que lá em casa ela pode fazer tudo o que quiser, porque tu deixas e ali quem manda és tu!
É, ainda, dizer que um problema deixa de o ser quando não tem solução, na esperança de que isso ajude. Ajuda, sim.

E, finalmente, é não ter nunca mais descanso na vida.

Obrigada pelo teu texto, este é o meu humilde agradecimento por estes 38 anos de aprendizagem. E não, não aprendi tudo. Aliás, quase nada.