quinta-feira, dezembro 20, 2007

NATAL


"O Natal não anda perdido por aí".
Obrigado, amigo Kambuta por lembrares isso.
Para todos os meus amigos, para todos aqueles que têm a infinita paciência de passarem por aqui, desejo um bom Natal.
Não se esqueçam que vem aí um Ano novinho em folha para utilizarmos como nos aprouver.
Pela minha parte desejo que sejam felizes.

Um abraço
GED

segunda-feira, dezembro 17, 2007

A MINHA TERRA

Já fiz muitos poemas à minha terra. Neste blog, a esmagadora maioria dos poemas são originais, escritos pelos respectivos autores que têm a fidalguia de os publicar aqui. Por isso, o poema que vou partilhar com vocês, e que constitui uma excepção às regras que impus, não foi escrito por mim nem por nenhum de vós.
Apenas gostaria de o ter escrito. Foi-me enviado por um grande amigo e, tocou-me bem fundo.

Quando te disse
que era da terra selvagem
do vento azul
e das praias morenas...
do arco-iris das mil cores
do sol com fruta madura
e das madrugadas serenas...

das cubatas e musseques
das palmeiras com dendém
das picadas com poeira
da mandioca e fuba também...

das mangas e fruta pinha
do vermelho do café
dos maboques e tamarindos
dos cocos, do ai u'é...

das praças no chão estendidas
com missangas de mil cores
os panos do Congo e os kimonos
os aromas, os odores...

dos chinelos no chão quente
do andar descontraido
da cerveja ao fim de tarde
com o sol adormecido...

dos merenges e do batuque
dos muquixes e dos mupungos
ds imbondeiros e das gajajas
da macanha e dos maiungos.

da cana doce e do mamão
da papaia e do cajú...

tu sorriste e sussurraste
'Sou da mesma terra que tu!'

Ana Paula Lavado
in ' Um beijo sem nome' do livro 'Vozes ao Vento'

sábado, dezembro 15, 2007

Homenagem ao Mestre Oscar Niemeyer

Caro Henrique,
Honrando o convite, gostaria de homenagear o grande Mestre da Arquitectura mundial, que faz hoje 100 anos . Para o efeito, relembro este poema e desenho do próprio, que demonstra bem a sua admirável personalidade.
























Poema da Curva
Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e
sensual. A curva que encontro nas
montanhas do meu país, no curso sinuoso
dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo
da mulher amada.
De curvas é feito todo o universo.
O universo curvo de Einstein.

Oscar Niemeyer (Fevereiro de 1988)

Já vos tinha dito antes. A generation next, mostra as suas garras e logo com um peso pesado, Oscar Niemeyer. Nem sabem como isso nos faz felizes. A mensagem foi bem passada e, agora já podemos ficar sossegados.
Ruca, um grande abraço e obrigado.
GED

sexta-feira, dezembro 14, 2007

EQUÍVOCOS

Henrique, aproveitando o desejar, a ti e aos que visitam este blog, um Santo Natal, aqui deixo escrito alguns:

EQUÍVOCOS DE NATAL


Celebrar com alegria e vontade
O nascimento do filho de Deus
Não está ao alcance dos camafeus
Que zunem este canto de crueldade.

Os que ignoram o conhecimento
De tais Divindades sentem bem
A dificuldade, sem ressentimento,
Em participar nesta festa do Além.

Para quem está preso e confinado
Ao castigo, merecido ou não, o Natal
Não é certamente por ele apreciado
E louvado da mesma maneira afinal.

Os que, por razões várias, não têm
Nem querem abrigo, o presépio
Que admiram é o que os mantém
A lutar para nada terem e sem pio.

Aqueles que não pediram, mas cuja
Saúde se vem aos poucos deteriorando,
A festa é de certeza muito mais sabuja
E incompleta dos que se vão alegrando.

Para a catraiada que nunca teve
Um presente, passado ou futuro
E que a existência é um alto muro
Íngreme no ódio que se manteve.

Para os que fabricaram estereótipos,
Esta Quadra tem um sabor especial
E contrariando o espírito de Natal
Só vêm lucros opulentos e atípicos.

Para os que usam a eterna esperança
Como bandeira ineficaz e invisível,
É uma catarse de tremenda confiança
Defendendo erradamente o previsível.

É mais fácil partilhar o vácuo
Esvaziado do que uma mesa farta
Mantendo o falseado «Status Quo»,
Trocando carinhos através duma carta.

Unem-se famílias na hipocrisia
Do ano inteiro, esbanjando gestos
Que mancham a estupenda alegria
Que vai morrendo, ficando de rastos.

Para os que se esqueceram de lutar
Colectivamente é acto individual
De aborrecimento bem descomunal
Tendo algo, para em comum, festejar.

Ah Natal, meu recordado Natal,
Os que te inventaram não mediram
As consequências e não exigiram
Que te mantivesses sempre divinal.

Tu, que deixaste de ouvir as preces
Do Senhor e os canticos sem sentido,
Tem calma, sossega e não te apresses
Pois o Natal não anda por aí perdido.

kambuta

um abraço

Kambuta: estás em tua casa. Só fico mais rico, ficamos todos, com a tua participação.
Um abraço
GED

quinta-feira, dezembro 13, 2007

REFERENDO - SIM, NÃO, TALVEZ, NUNCA!!!

Hoje ouvi declarações de um lente, Professor Doutor, luminária, vate da nossa sociedade, sobre o famoso referendo.
Dizia o senhor que referendo nunca, pois as matérias do novo Tratado de Lisboa eram tão complexas que não eram acessíveis a gente culta, quanto mais ao povo.
Este argumento exibido à exaustão, é do mais reaccionário que tenho ouvido e colocam-se de imediato várias questões que com toda a certeza continuarão sem resposta.

Afinal o referendo fazia ou não fazia parte do pacote eleitoral do partido no Governo?
Claro que fazia, mas só durante o período eleitoral, aliás, como muitas outras coisas.

Afinal, vamos ser governados por leis tão complexas que só uma “elite” as entende?
Parece-me demasiado perigoso, envolver-me por decisão destas luminárias, em algo que não conheço e, que certamente vai influenciar todo o meu modo de vida.

Quando um médico tem que fazer uma intervenção complexa num doente, não está obrigado por lei a explicar-lhe o mais claramente possível tudo o que vai fazer e tudo o que dessa intervenção pode advir?
E um pedreiro que me faça obras em casa? Não tem que me explicar direitinho o que vai fazer e quanto custa para eu poder decidir?
Por que motivo estes “gringos” podem actuar livremente em nome de todos nós?
Por que motivo, não dispendem algum do seu precioso tempo a explicar-nos o Tratado de Lisboa, como se todos fossemos loiros e burros?

Pois é. Estamos entregues a um destino que só parece estar nas nossas mãos, quando esta quantidade de gente nos vem pedir votos. E, não se iludam, isto passa-se com qualquer partido.

A minha questão final é: até quando vamos aguentar isto?
GED

quarta-feira, dezembro 12, 2007

CIMEIRA EUROPA - ÁFRICA

Delegações de oitenta países e representantes das Comissões da União Africana (UA) e da União Europeia (UE) reuniram-se hoje no Egipto, onde aprovaram um comunicado final e ouviram a Declaração de Lisboa, que será apresentada na Cimeira UE/África.O encontro que se realizou em Charm el-Cheikh, no Egipto, foi a última reunião ministerial antes da Cimeira de Lisboa, tendo os trabalhos sido abertos pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e pelo seu homólogo de Egipto, Ahmed Abdul Geid Luí Michel, bem como pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Gana e pelo comissário da União Africana pelos Assuntos Económicos, Maxwell Mkwezalamba.

..."A Cimeira UE/África, que reúne a União Europeia e a União Africana, oferece-nos uma oportunidade única para, em conjunto, enfrentar os desafios actuais dos nossos continentes, no ano em que celebramos o 50º aniversário da integração europeia e o 50º aniversário do início da independência de África", ...

..."Unimo-nos no reconhecimento das lições e experiências do passado mas também na certeza de que o nosso futuro comum requer uma abordagem audaciosa que nos permita enfrentar com confiança as exigências do mundo global"...

..."ultrapassando a tradicional relação de doador-recebedor, empreendendo uma estratégia de parceria política, construída na base de valores, preocupações e desafios comuns"...

..."Neste contexto, os ministros e chefes da delegação realçaram a relação histórica entre os dois continentes e a necessidade de continuar a desenvolver e reforçar a parceria entre a África e a UE, baseada nos princípios do diálogo construtivo e respeito mútuo", ...
A minha mãe tinha um comentário para este tipo de discurso, quando nós os filhos tentavamos arranjar alguma desculpa evasiva quando as coisas não corriam bem: "isso é conversa para boi dormir. Conta a verdade."
Hoje, reconheço-lhe toda a razão do mundo. Como diria Jô Soares: " eu não sou palhaço, mas estão me fazendo". Até quando?
GED

quinta-feira, dezembro 06, 2007

CONVIDADO DA SEMANA

A Sofia brinda-nos com mais um dos seus quadros. Este feito para uma publicação de um livro em Espanha. Só resta agradecer-lhe.

GED

CIMEIRA EUROPA- ÁFRICA

Vai acontecer dentro em breve. Com Mugabe, óbviamente, o que como princípio não é saudável.
A globalização tem destas coisas. Entendimentos com base estritamente económica, pondo o humanismo de lado. Aliás, falar em humanismo hoje em dia, faz de nós gente obsoleta, retrograda, parada no tempo. Felizmente, tenho a certeza de que com o tempo, a humanidade voltará aos carris. Vai é demorar muito tempo e entretanto gerar problemas sociais tremendos e agudizar os já existentes.
Esta cimeira, começa mal, vai correr mal e terminar pior.
Na agenda préviamente anunciada, não há espaço aparentemente para uma única palavra sobre o drama do Darfur. Provávelmente porque aquela região do globo não tem nada de interessante do ponto de vista económico.
Convida-se Marrocos que não pertence à Organização de Estados Africanos, mas não se convida a República Árabe Sarauhi, que por acaso pertence. Escuso de invocar as possíveis razões para isso.
Vamos ter cá o actual dono do Zimbabwe, mas aposto que ninguém comentará o que se passa naquele país.
Quando se fala em economia, petróleo, recursos naturais, etc, que se lixe o humanismo.
Vai correr mal, ainda que no fim digam que foi um sucesso.
Fiquem bem.

GED

quarta-feira, dezembro 05, 2007

LOCALIZAÇÃO

Frequentemente, de tanto me ouvir falar, há amigos que me perguntam onde é o Cubal.
Pacientemente, coloco as coisas no seu devido lugar.
Respondo que é um local situado a 12 graus de latitude sul e 12 graus de longitude oeste. E. pronto.
Mas, na verdade não é bem assim.
O Cubal, verdadeiramente situa-se dentro de mim, dentro de todos nós, novos e velhos, homens e mulheres e miúdos, brancos, negros e mulatos, que vivem actualmente ou que já viveram lá e, que tiveram a sorte de beber daquelas águas.
Suave veneno, que marca a fogo as almas de todos nós. Outros poderão dizer o mesmo das suas terras, mas verdadeiramente Cubal só há este. Real, virtual, mas vivendo para sempre em cada um de nós, fazendo-se presente em todas as horas das nossas vidas.
E, garantidamente não vai haver quem me desminta.
Um abraço
GED