quarta-feira, abril 24, 2024

 


Raça só conheço uma, a humana. Estou bem posicionado para dizer isto. Toda a vida em função da minha profissão, tratei e operei doentes. E nunca vi ninguém diferente. O ADN é único e igual para toda a gente.

Desde os primeiros seres humanos, a mestiçagem começou e hoje, provávelmente já não há pureza nas linhagens, mas nem por isso deixam de ser humanos. A mestiçagem só pode enriquecer a humanidade.
Se alguém curioso da sua pureza resolver fazer o seu genoma, vai perceber que é mestiço e que tem ascendentes  que provávelmente o vão fazer rever tudo em quanto queria acreditar.
É mesmo isso que diz, um pároco poeta, no século XIX:

Qualquer homem como eu tem quatro avós
Esses quatro por força dezasseis
Sessenta e quatro a estes contareis
Em só três gerações que expomos nós
Se um homem dá tanto cabedal
dos descendentes seus, que farão mil?
Uma província?
Todo o Portugal? (*)
Por esta conta, amigo, ou nobre ou vil
sempre és parente do Marqu~es de Tal
e também do porteiro Afonso Gil

(*) No caso das nossas famílias: "o planeta Terra"?

Palestinos, israelitas, germanos, caucasianos, asiáticos, americanos, esquimós, africanos?
Deixem-se disso, de uma vez por todas. Só há um planeta e uma raça humana. Não temos grandes alternativas. Se calhar viver em paz é a solução. Quem não quiser, que se dane.


sexta-feira, abril 19, 2024

A CHUVA NUNCA CAI

                                                        Há um espaço

                                                        Entre a solidão e o amor

                                                        Onde a chuva nunca cai

                                                        Retida nos nossos olhos

                                                        Cansados de espreitar horizontes 

HAIKAI TEU

                            Uma nuvem de luz

                            Repousava no teu regaço

                            De terras lavradas 

NUVENS

Não importa mais qual a mão escolhida se o café for a dois.

Não importa mais a inquietude, quando ela se transforma em vida.

Cortei a árvore dos assombros, e fiz dela uma fogueira para as noites em que sintas frio.

Embrulhar-te-ei comigo, num cobertor e veremos as faulhas voarem no céu escuro.

As nuvens, as minhas e as tuas, andarão sempre descalças, para melhor tatearem os céus do

nosso amor. 

QUIETUDE

Acaricio os cabelos dela e deixo-a mergulhada nos meus olhos, enquanto dorme.

Aceito o corpo morno, intacto, como quem aceita vislumbrar um mar entre as estrelas.

O amor dela, transpira mansamente nas horas novas de todas as madrugadas 

GEOGRAFIA

                                                                

Nesse corpo transparentemente nu, há fendas e montes e vales 

onde a geografia do meu corpo se aloja. Veneno e antídoto para

esta inevitável viagem de respostas sem perguntas 

PARA TI

                                Meus olhos sempre serão teus

                                Como tudo o resto que é meu

                                Mostro-te Áfricas

                                Enquanto me mostras Europas

                                O meu meridiano tropical

                                Sempre abraçará o teu circulo polar

                                E não haverá mais verbos esmagados

                                Nem frases velejando em mares escuros

                                Nem cicatrizes

                                Para ti apenas as mais puras mangas

                                Colhidas lá bem no alto

                                Onde começa o céu mais azul

                                Para ti, um bouquet de flores

                                De todas as cores do arco-íris

                                Para ti