sexta-feira, janeiro 25, 2008

A LUTA CONTINUA...

Hoje fui fazer a inspecção do meu carro.
O senhor que me atendeu, fez a vistoria e no fim com ar pesaroso disse-me:
- não posso considerar o seu veículo apto, porque os coletes não estão homologados.
Desculpe, disse eu. Comprei-os numa loja da especialidade e garantiram-me que estavam.
Respondeu-me: pois...

Nota: lá o convenci a dar o carro como apto, com a promessa de que iria dali comprar os novos coletes!

GED

quarta-feira, janeiro 23, 2008

EUROPA, QUERIDA EUROPA...

Fui à DGV renovar a carta de condução.
Deram-me uma guia para poder conduzir e, lá dizia que só era válida em território nacional.
Perguntei: território nacional considera espaço europeu sem fronteiras, um país de Lisboa até quase aos Urais?
Responderam-me: não. Nacional, mas nacional mesmo!!! Só cá dentro.
Ok, disse eu. Dentro de dias vou para o estrangeiro, mais concretamente Espanha. Podem passar-me uma guia para conduzir em terras estranhas?
Responderam-me: não. A única entidade que o pode fazer é o Automóvel Clube de Portugal!!!
Disse eu: como assim? Essa entidade é privada.
Responderam-me: pois...
Fui ao ACP. Lá disseram-me, que devia ter lá ido renovar a carta de condução porque só demorava três dias. Como assim? disse eu. Na DGV só me entregam a carta dentro de dois meses.
Resposta: pois...

GED

domingo, janeiro 20, 2008

INFORMAÇÃO

A Pwo pediu para divulgar e, quando um amigo pede...


Caros amigos,
Em anexo vão informações sobre um ciclo de cinema dedicado ao realizador Jorge António, a ter lugar no Centro Cultural Português, em Luanda, entre 21 e 25 de Janeiro, pelas 18.00 Horas.
A entrada é livre e a vossa presença será um prazer.
Quem tem blogs que se sinta livre para divulgar
(Ver aqui: http://www.ica-ip.pt/detalhe.aspx?newsid=145 )
Um abraço
A. C.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

CHUVA


Essa fotografia fez-me ir buscar um poema que há muito não lia.
Cacei-o em jeito de rima com a imagem.
Penso que fazia falta lá na terra, onde Janeiro não é muito de chover. Quando chovia era o alívio... com 35 graus, como de costume, as primeiras pingas deixavam-nos respirar e o nossos sentidos abriam-se aos cheiros balsâmicos da terra. Brotavam os veludos e os sapos iniciavam os seus cânticos que nos embalavam a noite.
É um poema bem velho de uma pessoa que deixou raízes em Benguela.

"Chove.
E a trovoada
É um batuque incessante,
uma estranha batucada.

Os raios são setas de fogo
que misteriosamente, em tom de guerra,
espíritos do mal lançam da altura
para incendiar a Terra.

O vento
Ora violento, ora brando,
o vento é o cazumbi dos cazumbis
-o Deus do mar, do rio e da floresta -
que vai cantando e dançando,
em tragicómica festa,
o seu coro de mil vozes,
os seus bailados febris.

As nuvens negras são virgens tontas,
quais almas do outro mundo,
errando como sonâmbulas
pelo céu negro e profundo...
é a chuva, constante e forte,
é o pranto (parece eterno)
dos deuses negros que a Morte
sacrificou no Inferno."

Geraldo Bessa Victor 1917

Um abraço Henrique. Espero que o poema cure.
Jorge Sá Pinto.

terça-feira, janeiro 15, 2008

NUVENS


Hoje sinto-me assim. A saudade roendo-me a alma. Queria que fosse uma chuva tropical e que depoi o sol irrompesse glorioso. Mas não, é mesmo inverno, frio, cinzento


GED

RESPOSTA

Meu amigo.

O recado está dado. Vou cumpri-lo na integra, aliás já está meio cumprido.
Apaixonei-me há muito, sem remédio nem retorno.
Tenho gritado tanto quanto posso, para dizer que o futuro daquela terra já é, e que o que está para trás aí deve ficar.
Tudo o resto cumprirei fielmente.
Para além disso vou ao Kalaari.
Quero encher-me de silêncios, ver estrelas há muito esquecidas e estar com um homem que fala com os ventos.
Quanto a Benguela, a minha querida Benguela, também eu cresci lá. Já combinei.
Saio do aeroporto e vou directamente para a praia morena. Fazes lá ideia do que essa praia tem para me contar!
Sempre que ouço o Let's Twist Again, vejo a praia morena e muito mais que não te vou contar aqui.
As contas desse rosário, dir-te-ei um dia de viva voz e sem testemunhas.
Um grande abraço e a minha profunda emoção pelo enriquecimento que tu e todos os outros amigos trazem a este blog.

GED

LEVA-ME UM RECADO

Henrique, sei que em breve vais até à terra que me viu nascer. Então, se fizeres esse favor:


LEVA-ME UM RECADO


Estranhará o bútio-vespeiro se lhe pedir
O favor de comigo se identificar
Num recado que gostaria de transmitir
Pois anda retido no peito e a mistificar
Uma ausência há muito esquecida. Ouvir
O que tenho para dizer sem calcificar
É o primeiro passo que a pobre ave
Terá que suportar, apesar de não ser grave.

Então peço-te que quando arribares
Em Quibaxe digas à terra que me viu nascer
Que tens um prazer inofensivo se surribares
Aquele solo vermelho que o café faz renascer
Em ciclos biológicos renovantes e se estribares
Naquela frondosa vegetação, ao alvorecer,
Arranca uma colorida e cheirosa folha,
Põem-na no bico e dá-me, pois é a minha escolha.

No teu voo para Sul poisa no Cuito
(A antiga Silva Porto) com a graciosidade
Que este pedaço de terreno merece e se o periquito
Que era meu ainda lá estiver, sem facciosidade
Abraça-o por mim sem outro intuito
Que não o agradecer-lhe a companhia na ociosidade
Do quintal em que partilhámos mangueiras
E mamoeiros no meio da tantas goiabeiras.

Quando te virares para o mar da corrente
Fria que equilibra a força dos ventos e marés,
Escolhe a Benguela do meu crescimento em torrente
Que me ensinou a andar no meios dos larés
Evitando os simuladores que na extracorrente
Atraíam a miudagem para os enormes jacarés
Vestidos de homens audazes e sem escrúpulos,
Mas que felizmente não tinham discípulos.

Ao sobrevoares Luanda refreia o entusiasmo,
Mergulha devagar na baía azul e serena
Espreguiçando as asas e repete o diplasiasmo
Altruísta que açambarca aquela morena
Encostada ao coqueiro que é um pleonasmo
Da beleza tropical na antítese da gangrena.
Não demores porque ainda te vais apaixonar
E enfeitiçado nunca mais a queres abandonar.

E quando o teu regresso estiver eminente,
Grita-lhes bem alto um recado de confiança
No futuro, pois Povo que ultrapassou tão evidente
Martírio com tanta persistência e esperança
Não precisa de lembrar o passado impertinente.
Mistura-te no meio da multidão e qual criança
Estouvada, dança e pula no meio dos charcos
Que contêm a vida renascida em múltiplos arcos.

kambuta

quarta-feira, janeiro 09, 2008

TRATADO DE LISBOA

Os portugueses, ainda acreditam no Pai Natal!!!
Ainda acreditam que as promessas eleitorais são para cumprir.
Ainda acreditam que não têm que fazer nada, para que as coisas mudem.
Ainda acreditam que se votarem de quatro em quatro anos, estão em pleno regime democrático.
Muitos portugueses ainda acreditam, a maioria talvez.
O povo de Anadia, já não acredita assim tanto e, vamos ver o que vai acontecer.
O povo português ainda é muito crédulo, tão crédulo que o nosso Primeiro, se sente à vontade para vir dizer que não há referendo, porque o Tratado Europeu anterior e o actual Tratado de Lisboa são coisas completamente diferentes e, a promessa feita foi em relação ao Tratado anterior.
Além de ser muito crédulo, o povo português ainda por cima, leva com uma rodada de burro em cima.
Viva a democracia lusa.
GED

sexta-feira, janeiro 04, 2008

SÁ PINTO

Amigo

O que vou deixar aqui, em jeito de abertura, de agradecimento também, não é muito. É um soltar de dentro.

Tem a ver com o dia 4 de Janeiro. Há muitos anos foi o dia que fumei um charuto, um "cohibas" e bebi um trago de uma garrafa de champanhe da Ukrânia que me trouxe o meu amigo, vizinho e confidente, Shahen Mnassakanian. Era assim o costume, dizia ele, chorando como eu nunca vi. Junto com ele tinham vindo os meus colegas, meus amigos e companheiros de muitas viagens: José António e Orestes Pimienta.

Depois de termos passado juntos a passagem de ano daquele longínquo 82, vieram quando eram 8:00h naquele velho hospital de nome Simão Mendes. Tinha nascido mais um guineense, desta vez fruto de um internacionalista, como eu me intitulava, nascido no Lobito e uma portuguesa, ainda mais internacionalista, mais angolana do que da Figueira da Foz.

Era a segunda vez que eu experimentava aquela alegria incontida. Um rapaz ( como dizia o Orestes, de cojones negros!) deste vez, como convinha a quem já tinha uma rapariga, nascida na Ganda e registada no Lubango e batizada em Benguela.

Quis o destino a este jovem, a quem demos um nome guineense, não lhe ser favorável. Nem a nós que o perdemos. Também em Bissau, no Simão Mendes, a escassas dezenas de metros do local onde nascera, um ano e meio depois, tendo junto a nós os mesmos amigos, chorando desta vez de dor: Shahen, José António, Orestes mas desta vez juntava-se-lhes Alex, Dulce Borges minha amiga e chefe e o meu colega e vizinho Djawara.

Precisava escrever isto hoje. Amanhã não teria o mesmo significado. Aqui no sítio deste amigo do Cubal.

Um abraço Henrique. Desculpa ter abusado.


Caro Sá Pinto: não há qualquer abuso, esta é a tua casa. Obrigado pela partilha de coisas tão intimas.
Um abraço
GED

quarta-feira, janeiro 02, 2008

O MEU PAÍS

Um amigo meu, diz que o que faz mal não é o que se come entre o Natal e o Ano Novo. O que faz verdadeiramente mal é o que se come entre o Ano Novo e o Natal.
Vem isto a propósito das tão faladas, badaladas, mediatizadas operações de Natal e Ano Novo, para diminuir a mortalidade nas estradas.
No fim, com um ar jovial ou pesaroso vêm dizer-nos que morreu menos ou mais gente ( um ou dois), nas estradas durante este período. Os dados desde o início que estão inquinados, pois dos feridos graves ninguém mais ouvirá falar, mas não é disso que aqui se trata.
Vão ao nosso dinheiro, gastam milhões a preparar as ditas operações, dizem umas quantas coisas na televisão, durante meia dúzia de dias andam por aí e, o resto do ano é o que se vê.
Aquilo que deveria ser o trabalho normal, diário, disciplinador dos condutores em Portugal, torna-se motivo pontual para apresentar serviço.
É como se todo o povo português que trabalha, decidisse fazer os mínimos durante todo o ano e, nestas alturas vir mostrar mais um pouco de serviço.
A única coisa que eu ainda não entendo, tem a ver com o facto de ninguém protestar pelo actual estado de coisas. Há comissões de utentes para tudo, até para pagar menos portagens. Mas, ninguém se incomoda com este desaforo.
Não se preocupem, que para o ano há mais. E se este ano morreram dezasseis, verão que no próximo ano, ou são quinze ou são dezassete.