quinta-feira, setembro 29, 2011

RIOS II

A cabeça respira enredos que pendura debaixo do sol.
Escreve um livro de palavras, feita Penélope, em teares há muito abandonados.
Colhe palavras abandonadas e faz delas o lar, de muros e pedras ainda por inventar e mastiga primaveras de um inverno que findou.
Esta mulher ri-se dos destinos e enfrenta a vida apenas com meia cara.
Sei lá, diria ela de todas as chuvas de Setembro, rindo-se da minha loucura.
Apenas me encantam os rios, diria, todos, mesmo aqueles que não lhes visitei, que apenas me contaste.
Mas eu confio.

RIOS

De palavras inconfidentes, transbordam os rios, todos os rios que correm no céu.
Rios que lavam quem os acolhe, e na queda vertiginosa das águas, flutua no ar um pó de estrelas. Suaves estrelas candentes poisam nos seus cabelos e o mar transforma-se em leito.
Eu não sei dançar as palavras, nem envolver-me nos sons do quotidiano, mas ela existe nos bailes da minha vida.
Tropeço no ritmo de africanos tambores, enquanto feiticeiros murmuram encantamentos.
Em volta a floresta respira sofregamente nuvens de desassossego e nós caminhamos juntos.

quarta-feira, setembro 28, 2011

INTERNET

A internet, a rede, é com toda a certeza o maior instrumento de conhecimento jamais inventado pela espécie humana. Nela, os conhecimentos podem ser ampliados ao infinito e pesquisar tudo o que se quiser.
Mas é mais do que isso.
Aproxima as pessoas. Hoje ninguém mais escreve cartas. O amigo, o conhecido, a namorada, o amor de uma vida, estão ao alcance da mão, independentemente do ponto do globo em que se encontrem. E tudo se passa numa fracção de segundo. E já nem sequer é preciso um computador clássico. Qualquer vulgar telemovel, é um computador em miniatura.
Na verdade, a solidão da distância pode ser minimizada e quase desaparecer.
Hoje é possível dizer que qualquer um de nós tem a possibilidade de nunca estar sózinho. Basta querer e acreditar.

sábado, setembro 24, 2011

POIS É!!!

"O que é teu é teu, sociedade não é riqueza"

Agora para a troca: PASANDALA PANDA K’UTIMA WOVE, K’UTIMA UKWENE KUPITILACA!
(esta é fácil, tem pistas e é preciso lembrar!)

sexta-feira, setembro 23, 2011

quarta-feira, setembro 21, 2011

EINSTEIN

Há muito tempo atrás, nos tempos do Kaparandanda, sonhei que tinha encontrado Einstein, e que estavamos conversando calmamente, à sombra de dois cafés fumegantes.
Falei-lhe da vida, dos meus sonhos, desassossegos, desilusões e de todas as grandes questões que me preocupavam.
No meu sonho falei durante horas, e estranhei ver Einstein sempre calado e sorrindo.
Falei-lhe de amores e desamores, das injustiças do mundo, de tanta gente explodindo de fome, falei até não poder mais.
Nessa altura, ele ficou muito sério e disse-me.
-Não te preocupes, não tens de verdade que te preocupar com nada.
-É que sabes, na verdade tudo é relativo.

REGRESSO

Estou de novo aqui.
Regressei de muito longe. Quase diria que regressei do fundo, dos fundos.
Escrevi bastante enquanto estive fora. Pequenas coisas, ou grandes, depende do ponto de vista. E pergunto-me muitas vezes a mim próprio porque escrevo. Que azáfama é esta que me obriga a escrever muitas vezes coisas sem sentido. Sei lá, pergunta difícil esta que faço tantas vezes dentro de mim.
Muitas vezes apenas para partilhar dores e preocupações por este planeta e suas gentes. Outras para comentar factos, que não me apetece que fiquem só para mim. Outras ainda, por pura loucura, por vontade de praticar o absurdo da vida e aí surgem conversas imaginárias que às vezes não são tão loucas como isso.
Outras ainda, aventuro-me no mundo da poesia e há gente que diz que gosta e que é boa, o que embora sendo pouco verdade, me faz feliz.
Mas na verdade, na esmagadora maioria das vezes não é isso que acontece e, escrevo apenas porque sim, de verdade porque sim.
Abraços

sábado, setembro 10, 2011

VIAGEM

A partir de quarta-feira vou estar fora do país durante uma semana.
Quando voltar aviso.
Até lá.

sexta-feira, setembro 09, 2011

TALVEZ

Talvez a vida não seja o que parece.
Talvez a gente não respire de verdade, pelo tronco das árvores.
Talvez os girassóis não dancem.
Talvez não existam poetas.
Talvez descer as avenidas dançando, seja apenas a nossa imaginação.
Talvez o amor não exista.
Talvez tudo não passe de um enorme e destruidor Matrix.
Talvez a gente finja que vive.
Talvez a gente finja que morre.
Talvez a gente apenas finja que sonha entre ambas as coisas.
Talvez.

quarta-feira, setembro 07, 2011

VELHOS

Hoje, por todo o mundo ou quase, os nossos velhos estão sendo maltratados, empurrados para a periferia da vida.
Quando já não servem, depositam-se nos lares, a maior parte deles sem condições e faz-se por esquecê-los. Quando morrem, umas lágrimas e pronto assunto encerrado.
Mas alguém já parou para pensar?
Quantos rios correm nas rugas das faces deles?
Quanto chão já palmilharam neste mundo sem Deus?
Que amores e desamores se escondem por trás do olhar baço?
Acreditaram como nós, em feitiços e magia e girassóis azuis e sonharam?
Quando se pensa em tudo isso, a vontade vacila e as lágrimas embaciam os nossos próprios olhos.

É que quando morre um velho, é como se ardesse uma biblioteca inteira.

O MUNDO PULA E AVANÇA

Arrumei a casa. Mudei alguma mobília. No essencial, pintei-a de cores novas e abri novas portas e janelas. Mandei vir gente para me ajudar.
O resultado está aí. Os amigos, vocês todos aí desse lado, que nem visitas são porque fazem parte da mobília, digam-me o que acham.
De vez em quando é preciso arejar as pratas e poli-las. Só assim se mantêm com ar de novas.
Por outro lado, nesta coisa de mudanças há sempre alguma coisa que se parte. Se algum de vocês foi prejudicado por esta mudança, porque já tive informação que alguns amigos não conseguem entrar, avisem-me.
Os que aqui andamos somos todos ou quase todos tropicais, e quem não é passa a ser.
Portanto esta será sempre uma casa de cacimbos, feiticeiros, tchingandjes.
Aqui o mar será sempre o da Praia Morena e da Baía Azul.
E, quando falarmos de tempestades, será de calemas e de chuva bravia.
Cada um de nós possui o segredo de passear nas anharas e falar com os leões e zebras que por lá andam. E todos temos a obrigação de partilhar esta riqueza comum com todos os outros, que nos visitam.


Abraços a todos.