segunda-feira, novembro 14, 2022

ALÉM DO HORIZONTE

Não se pode ver para além do horizonte 

Não sabemos quanta estrada há pela frente

Quanto caminho há para andar

Se faremos a viagem juntos ou sózinhos

Quantos ficaram para trás ou desistiram

Não sabemos quantos resistem nos seus sonhos

 Nem quntos são felizes ou infelizes

Quantos vivem enredados em teias de tristeza

Quantos acariciam o sol de cada manhã

E se deitam com a certeza de dias bem vividos

Não se pode ver o que ainda não aconteceu

Mas pode-se viver como se já tivesse acontecido

Resistindo com alegria, como se o dia fosse o último

Suavizando a descida ingreme das ladeiras

Buscar forças para as montanhas perfiladas adiante

Sorrindo ao vento agreste que às vezes nos fustiga

Ajuda pensar em todos os que gostam de nós

E naqueles que moram no lado esquerdo do peito

Fazer coragem para todos os que decidiram

Ir até ao fim da viagem, juntos connosco

Porque o que verdadeiramente importa não é a chegada

É a alegria transbordante das maravilhas e milagres

Desta imponderável e longa viagem

NA ÁRVORE DO ENFORCADO

Uma parte de mim é multidão

Ás vezes sinto-me completo

Outras, sou apenas uma cama por fazer

Essa parte de mim é solidão

E quando tudo parece desmoronar

Tu encontras-me à meia noite

Junto à árvore do enforcado

Quando chove nas ruas vazias da cidade

Não preciso de tijelas nas mãos

Não há dignidade em implorar

Preciso de sementes na terra