quarta-feira, outubro 06, 2021

"ICONOCLASTAS" E IGNORANTES


Esta imbecil, de seu nome Leila Lakel, parisiense, estudante da Escola de Artes, resolveu visitar Portugal com o fim aparentemente único de vandalizar o Padrão dos Descobrimentos. Conseguiu fazer-se notada. Fica para a História como mais um pedaço de lixo para varrer para debaixo do tapete.

Dois excertos do extraordinário livro de Irene Valejo, "O infinito num junco", para esclarecer os ignorantes que acham que queimar livros ou alterá-los, para que sejam mais políticamente correctos, vai alterar o curso da História. De uma assentada mostram a sua imperdoável ignorância, e a sua estrutura mental profundamente racista. Explodir os Budas, alterar obras primas, incendiar bibliotecas, querer danificar os monumentos dos Descobrimentos, é um acto ciclíco ao longo da História quase sempre alicercados em ignorantes, bárbaros a quem a cultura não diz nada e mostra-nos que há ainda um longo caminho a percorrer. 

"Falemos por um momento de si, que lê estas linhas. Neste momento, com o livro aberto entre mãos, dedica-se a uma actividade misteriosa e inquietante, embora o hábito o impeça de se surpreender com aquilo que faz. Pense bem. Está em silêncio, a percorrer com o olhar filas de letras que fazem sentido para si e lhe comunicam ideias independentes do mundo que o rodeia neste momento. Retirou-se, para dizê-lo de alguma forma, para uma divisão interior onde lhe falam pessoas ausentes, fantasmas visíveis apenas para si e onde o tempo passa ao ritmo do seu interesse ou entendimento. Criou uma realidade paralela, uma realidade que só depende de si. Você pode, em qualquer momento, afastar os olhos destes parágrafos e voltar a participar na acção e no movimento do mundo exterior. Mas, entretanto, permanece à margem, onde escolheu estar. Há uma aura quase mágica em tudo isso." 

" No caso da antiga Jugoslávia, arrasar o passado era uma finalidade de ódio étnico. Desde 1992 até ao fim da guerra, 188 bibliotecas e arquivos sofreram ataques. Um melancólico relatório da Comissão de Especialistas das Nações Unidas estabeleceu que na ex-Jugoslávia houve uma « destruição intencional de bens culturais que não se pode justificar por necessidade militar». Juan Goytisolo, que viajou à capital bósnia respondendo ao chamamento de Susan Sontag, escreveu no seu caderno de Sarajevo: « Quando a Biblioteca ardeu, fruto do ódio estéril dos lançadores de misseis foi pior do que a morte. A raiva e a dor daqueles instantes perseguir-me-ão até ao tumulo. O objectivo dos sitiadores - varrer a substância histórica desta terra para montar sobre ela um templo de patranhas, lendas e mitos - feriu-nos profundamente.»

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