sexta-feira, julho 02, 2021

BEIJOS

 



Ninguém ouve a sombra carregada de pele

Ninguém reconhece insónias gravadas em carvão

Nem a palidez dos silêncios incapazes de ruídos

Já restam muitos poucos beijos

De tantos que andavam por aí sem destino

Inúteis na beira de tantos caminhos desconhecidos

Palavras silenciosas, irrepetíveis, nascendo do nada

Já não há quem dance boleros no meio da estrada

Os vestidos de cetim azul já não rodopiam ao luar

Talvez num canto escondido alguém cante as águas de março

Talvez alguém se decida a plantar beijos nas terras férteis

E os espalhe nas encruzilhadas dos caminhos de cada um

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